quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Outubro de Lua, Gatos na Rua ~


Não sabemos de muita coisa do percurso de existência individual. Vamos existindo, resistindo, construindo significados; precisamos perceber o cotidiano com uma certa sensibilidade, pois as esquinas escondem dicas, quase segredos que te ajudam a decifrar o que está porvir. Alguns números indicam, ultimamente algumas palavras sugerem.

Outubro tem sido um mês relativamente difícil em alguns aspectos, pedaços de incertezas tem acomodado corações fulmegantes. O social, mais especificamente os fatos que regem o cenário nacional reverberam de algum modo no bem estar e no perceber das pessoas. Isto significa que desta vez, nesta eleição, como em nenhuma outra, estamos à mercê de um jogo sinistro e nefasto. Todos nós sabemos disso e talvez por sabermos, temos medos e receios do que não está em nosso controle, de modo direto.

Essa eleição veio nos mostrar o quanto a atmosfera nacional pode ser adptada... sabe uma adaptação nefasta? Nós, brasileiros, não sabíamos que existiam tantos fascistas, racistas e homofóbicos em questão... não sabíamos que tínhamos tantos pequenos monstros cultivados em nossas questões.

Particularmente estou decepcionada com alguns aspectos desta temporada, entre eles é o fato que a maior parte da minha família é fascista... na realidade isso não é nenhuma novidade; apenas veio à tona em um período de proporção, facilidade, eles estão relativamente protegidos pela mascara que o presidensiável inominável vem declarando há meses.

Aos últimos dias do segundo turno, é cada narrativa, cada possibilidade que torna-se quase impossível acreditar no que vemos. Não sabemos o que será do dia vinteoito deste mês, mas independentemente do que seja, precisamos ter a certeza que as coisas são complexas e que nem tudo o quê é permanece, tudo muda.





Então, hoje é noite de lua cheia aqui pelas bandas do Recôncavo. Por ser de lua, me lembro do mês passado... particularmente não tenho separado as luas da minha existência. Mês que vem faço aniversário, essa é a última lua com minha idade atual, mês que vem as coisas vão mudar. Não sei se mudarão de modo real, de fato... talvez seja um elemento muito singelo, pedaço de percurso de construção de modo relativamente ponderável. Deveríamos comemorar nossas luas, nossos devaneios deveriam respeitar os ciclos, aliás nem prestamos atenção nisso.

A lua acima foi registrada lá pelas bandas da Comunidade do Topo, na dita Água Fria, cidade natal de um querido meu... dos novos, o mais sincero e sútil. Mas a lua é só pra simbolizar os ciclos, os percursos, as necessidades infindáveis. Sabe, tenho percebido que nos condicionamos à processos relativamente viáveis ao longo do tempo. Ficamos a esperar algo no lá, mas esse "lá" não existe... é apenas uma faceta 

Adicionar uma foto ~

A vida é simples, mas nossas expectativas são tão tenebrosas que não podemos ajustar as reais necessidades aos fluxos de percepções.

Sabe estive pensando em alguns processos relativamente dispostos sobre à mesa; afinal de contas, como se pode preservar um aspecto relativamente constituído da sequencia binária estabelecida em um pedaço de vida lamentada à uma cerveja na mão, ou seria à uma garrafa de vinho quebrada ni chão?

Ando cultivado novos sonhos, eles estranhamente não combinam com alguns aspectos da minha existência; pois no fim das contas, sonhos são feitos para serem realizados ao longo do tempo, de modo embrionário, tal qual as sequencias organizadas de modo coerente.

Necessita-se de organização equivalente? Como organizar um pedaços de percepção através da demência? Não faço a mínima idea de como otimizar a prática dos loucos planos... panos? Prato? Esteira, sem êra nem bêra... a pesquisa tem se mostrado complexa pra mim, sabe? 

Estou escrevendo de modo aleatório, tenho consciência. Mas de certa forma, o caos lá fora reflete aqui dentro, então.. fazer o quê? Caótica escrita! Não me importo muito. Na verdade estou feliz, ando sobrevivendo da minha escrita, mas tenho escrito pouco, pra ser sincera ando mais escrevendo que qualquer outra coisa, poderia me concentrar em um novo fanzine mas até agora nada. Vai saber quais são os veículos da revolução... Alguém saberia condicionar?

O samba é o som, estou escutando uma playlist do Noel Rosa, é tão fino, tão real tão sútil... a ganância, as necessidades, quais são os fatores condicionante, afinal de contas? Não sei... tem um rapaz esticado aqui do meu lado, vou domir com ele ou faço de conta que não é comigo, como é isso? Enfim. Partiu ~

Preciso editar isso, está muito aleatório.
Tomara que eu lembre!

Outubro!

terça-feira, 31 de julho de 2018

Reflexão acerca do Ser Afroindígena ~


Pois bem, faz um tempo que não me arrisco nas palavras aqui pelo céu das "Nuvens de Praia"; na realidade havia decidido escrever somente nos anos ímpares, nem lembro o motivo exato, o fato é que existem exceções, como quase tudo na vida. Pra início de conversa, já estou a caminho do terceiro período do curso interdisciplinar de sociais na Universidade do Recôncavo da Bahia (UFRB)! Até que estou gostando disso aqui: lugar quentinho, caminhos sinceros, leituras esporádicas porém enfáticas, encontros bonitos, trocas com afeto e carinho... é tudo o que se espera em um novo território! Daí a liberdade é tanta que dá vontade de convidar os queridos e realizar coisas ~




Mas o intuito das primeiras palavras de 2018, tal qual sugere o título é refletir acerca de um encontro que conseguimos otimizar no último dia 21 de Julho, no espaço do Iphan, ali pelas bandas da Praça da Aclamação, Cachoeira, Recôncavo Baiano. O objetivo do encontro era convidar amigos/conhecidos negros e indígenas que pudessem apresentar suas artes... Pura e simplesmente, um espaço de projeção, conexão, ponte para encontros ou outras possibilidades. 

Pra ser sincera a narrativa começa um pouco antes, durante o encontro "Racismo e anti-racismo no Brasil: O caso dos Povos Indígenas", realizado em meados de Maio, na própria UFRB; na ocasião presenciamos muitas trocas, muitas falas, muitas narrativas e acima de tudo, muitas energias. Quando falo de "energia" por conta própria, estou falando de aspectos inerentes à percepção.


Pois bem, neste contexto algumas lâmpadas surgem em sua mente, eis a dinâmica da mágica que deve ocorrer no processo de formação. Tipo Eureca, mas nem tanto... a importância se dá de acordo com o rastro que reverbera nas construções visualizadas. Desta forma, ao decorrer do encontro organizado pelo Coletivo de Estudantes Indígenas, algumas questões se fizeram interrogações existenciais. Entre elas, a necessidade de entender o seu lugar no mundo, quando falo de "lugar", não quero contrapor nenhuma teoria; temos lido, apreendido que as teias sociais, o fato, o habitus e tudo o mais, nos direcionam à uma realidade.


Mas e quando você percebe que seus vinteoito anos de existência podem ser resumidos em uma falta, que geralmente é preenchida nos encontros de pé no chão, comidas degustadas com a mão, ou ainda no mergulho em um igarapé, no encontro apertado de um abraço, nos olhos fechados que guiam a percepção através do vento forte... É passível de compreensão? Voltemos!


Após tal encontro, me interroguei se eu poderia me autodeclarar "Afroindígena", ou não? Existe credibilidade no sentir-se? Tal qual o autor da intuição que referencia seus textos acadêmicos, dando crédito ao seu inconsciente? Ou é indispensável encontrar pelo menos três autores que possam dar credibilidade à sua fala? Ok, por vezes a academia é um caminho sem volta, ou você aceita as regras ou cai fora. Daí a ideia do Sarau... algo mais livre, que teria a arte como fio condutor; o assunto da vez? Ser Afroindígena! Do pouco que ouvi, li e senti, ter a terra, a oralidade e a ancestralidade como referência para as ações e os caminhos, sejam coletivos ou individuais.

Mas a academia tem uma coisa com as palavras. Cada palavra foi percebida, elaborada, destrinchada, mastigada, vomitada, ada ada por alguém; se você não conhece o "alguém" a palavra perde a força, a vitalidade, além do mais, tudo é referência. Não existe nada novo. Então, antes de pensar ou cogitar estudar de fato o termo "afroindígena", que tal observar através da arte, das representações simbólicas possibilitadas pela apreciação estética e sensorial, os fios de ligação entre uma performance e outra?


Assim, ora pois... pensando Ser ou não Ser, convidei seres enigmáticos e sinceros para compartilharem de um momento agradável, com performances planejadas ou inesperadas! Articulamos apoio de um grupo significativo (indicações ao fim do texto) e parece que a coisa fluiu naturalmente. Tenho a sensação que as pessoas que estiveram presente, gostaram... Impressão, mas particularmente eu amei... Só faltou umas bebidinhas e opções de comidinhas temáticas. Abaixo alguns cliques do público presente, registro do nosso querido Givas Santiago.
















Não poderia deixar de citar um elemento condutor na vontade de mobilizar o Sarau. Ao decidir vir estudar na Bahia, pensei em passar os quatro anos inteiros pelas bandas daqui; começar do zero, sobreviver do que a terra me desse ou do que o mangueio possibilitasse; tem sido assim nos últimos dez meses, não posso reclamar da mãe chamada Bahia!

Mas após o evento citado no início, ao me indagar se eu realmente poderia me autodeclarar Afroindígena (sem referencia teórica) parei pra pensar nas experiências, nas sensações e nos mergulhos que a Amazônia me possibilitou nas últimas décadas. Lembrei das longas caminhadas mata adentro, dos sons ao amanhecer às margens do Acurau, das conversas com Márcia Mura na varanda ventilada em noite de lua cheia; cheia de saudade lembro da silenciosa comunidade de Nazaré, no Baixo Madeira, ou ainda da Aldeia Cipiá do Rio Negro, Inhã-Beé do Tarumã-Açú, espaços que me possibilitaram as primeiras reflexões acerca da terra, do ser indígena e das vivências que nos foram negadas, há séculos!

Lembrei de Vó Juliana... Senti vergonha. Vó Juliana é Kokama, da fronteira do Brasil com o Perú, mas desde que chegou em Coari, esqueceu seu passado e nunca ninguém se interessou em resgatá-lo, nem eu. Talvez pela distância, pela falta de relação, por crescer longe dos avós, eu não tenha dado a devida atenção que ela merecia. Enfim, o foco desta publicação é falar do Sarau e não das faltas existenciais que permeiam a afirmação do que se é e de onde se vem... Tão fundamentais para saber pra onde se vai!

Querendo encontrá-la, articular uma troca que nunca protagonizei, decidi organizar a "Rifa do Porvir"; o objetivo era levantar o valor da passagem de ida e volta pra Manaus, que por sinal ainda falta! Daí a coisa toda acontece, consegui amigos para me ajudarem a vender a rifa, outros pra articular o Sarau e tudo fluiu... Existe uma necessidade de recomposição do que julgo ser a raiz da aflição acerca do que se é, não tenho muito domínio ou controle das palavras, mas sempre esperamos ser compreendidos. Enfim.




Aqui vai um agradecimento à todxs os envolvidos na articulação do #SarauAfroindígena! Performances, intervenções e encontros reais. Vou citar o nome de alguns dos envolvidos à título de registro das disponibilidades e apoios; não é possível citar o nome de cada ser que depositou energia para a realização do encontro, mas sintam-se agraciados com minha gratidão... chegará até você!

A produção do Sarau contou com a articulação e o precioso tempo de Maria Eduarda, Iraiza Souza, Thiane Neves, Givas Santiago, Keila Serruya na correria de frente; os colegas Vlad Khromenko, Martha Silva, Marcio Luis, Lady Klebia, Robert, Deja, sr. Zé do Boi e tantos outros, possibilitaram o meio de campo.




O Sarau foi realizado no espaço cedido pelo Iphan, contou com o apoio institucional da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); além do apoio do Laboratório de Estudos em Ciências Sociais (Labecs), Acidadã, Recongraf, Imprima Black, Hansen Bahia, WS Sonorização, Coletivo de Estudantes Indígenas da UFRB e da UFBA, Secretaria de Cultura e Turismo de Cachoeira e a Pousada e Restaurante Pai Thomaz.

Além das performances citadas na página do evento, contamos com a intervenção de poetas e músicos no momento "Palco Aberto", entre eles Grupo de Dança de Rua EX13, Poeta Bode, Tia Nalva e por aí foi ~ Não existe planos para um segundo encontro. Ademais, eu e toda a equipe envolvida na articulação do encontro, agradecemos a comunidade Cachoeirana pelo apoio institucional e pela presença, que por sinal nos surpreendeu.




Para a "Rifa do Porvir", contamos com o Apoio da Casa Gottschal, Estudantes da turma 2017/2 de Ciências Sociais, Lacpan, F&Cell Vaccarezza, Mr. Shake, Fernanda Mathieu, Licor Roque Pinto e Brechó Quita Bonita. Francisco Neto, Uarle Carvalho, Iraiza Souza, Martha Silva, Ana Paula, Sr. Raimundo Sapateiro, agradeço o empenho de vocês na venda das Rifas, Gracias!




Ademais, a discussão acerca do que representa o termo "Afroindígena" é semente em terra fértil da ancestralidade, percurso marcado por violências e negações. Aceito indicações de leituras, filmes e poesias à respeito. A investigação está apenas começando.

Cordialmente,
Dheik
~

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Cine Bodó como Resistência e Desconstrução


A terceira edição da Mostra Itinerante de Audiovisual – Cine Bodó, vai ter início no próximo sábado, 9 de dezembro, às 19h, na Praça da Liberdade, no bairro Riacho Doce, zona norte de Manaus. A Mostra terá mais três datas de exibição, terminando no dia 23 de dezembro, na Praça Central do bairro Armando Mendes, zona leste da cidade.

Nesta terceira edição, 144 filmes foram inscritos. Destes, 44 foram selecionados para participarem dos quatro programas que formam a mostra: Meio Ambiente e Sociedade; Preconceito Racial, Sexual e Social; Educação e Política; e Espiritualidade e Arte.

Programação de Formação na primeira edição, 2015. Foto: Juliana Rosa Pesqueira.

Tendo como uma das suas finalidades a descentralização da exibição de filmes na capital, a mostra teve seu início em 2015, percorrendo comunidades da periferia de Manaus e entorno, exibindo curtas-metragens brasileiros de destaque em festivais nacionais e internacionais. Buscando desenvolver plataformas de interação entre realizadores que já possuem reconhecimento, com pessoas que estejam iniciando no audiovisual, o Cine Bodó exibe filmes que possuam em suas temáticas, a desconstrução, resistência e reflexão acerca do momento político, social e artístico contemporâneo do Brasil.

Para a mobilizadora da mostra, Dheik Praia, esta terceira edição conta com uma participação ainda mais ativa das comunidades: “Nesta edição os moradores dos bairros que vão produzir a mostra. O presidente da associação comunitária, Josimar Gadelha, juntamente com o professor José Nepomuceno que vão levar adiante no Armando Mendes e na Comunidade da Sharp; os professores companheiros, Ina Santos e Ivan Nascimento, estão movimentando o Riacho Doce; já o Parque das Tribos, que abraça a proposta pela primeira vez, conta com professora Cláudia Baré, juntamente com Vicelônia Martins e Joilson Alci”, destaca.


Montagem da Tela de Projeção durante itinerância. Foto: Junior Moraes.

“Ao descentralizar o processo de construção, marca-se um passo, um avanço. À medida que se consegue mobilizar pessoas da própria comunidade, se tem uma parcela de garantia que elas estão interessadas no conteúdo proposto pela itinerância”, afirmou a Profª Ina Santos, mobilizadora da Comunidade Riacho Doce.

A Mostra contou com uma curadoria diversa, que envolveu Brasil, Peru e Bolívia. Fizeram parte Fernanda Brescia, militante feminista, que visa a diminuição das desigualdades a partir das ações que permeiam o audiovisual; Ivan Molina, documentarista boliviano e diretor da Escuela de Cine e Artes Audiovisuales de La Paz; Laly Indacochea, realizadora peruana, gestora e curadora do Festival Sembrando Cine; Pedro C. Pardim, estudante de cinema da UFF e ensaísta de crítica; e Débora Ykamura, investigadora de processos intuitivos de borda.


Roda de Conversa sobre Cineclube com profº Tom Zé, durante
Feira do Livro do Sesc, em 2015. Foto: Bárbara Umbra.

Praia afirma que realizar um projeto como este, sem um financiamento fechado, gera alguns percalços, mas que o resultado tem sido satisfatório: “Fico muito grata de termos recebido filmes maravilhosos no período de inscrição; não se pode exibir todos, mas o realizador vai seguir em construção. Penso ser importante ter aquele filme que circula no Brasil e no exterior, circulando nas entranhas da periferia. A tendência é que o Cine Bodó crie raízes ao longo do tempo, seja com itinerância anuais, bienais ou trienais. O que mais desejamos para as próximas edições é retornar ao tripé iniciado em 2015: formação, exibição e conversa”, finaliza.

A Mostra está sendo mobilizada pela Praia de Água Doce, em parceria com a Amacine Futuros Cineastas e Movimento Candirú. Nesta edição conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas, Eparrêi Filmes, Picolé da Massa, Amabam (Associação dos Moradores do Bairro Armando Mendes) e Parque das Tribos. Para a equipe, a próxima edição não está longe, logo as portas estão abertas para receber novos parceiros, com direito à pipoca e piracuí.


Exibição da Programação no Bairro Armando Mendes - Foto Junior Moraes

PROGRAMAÇÃO CINE BODÓ

Com início neste sábado, o Cine Bodó vai até 23 de dezembro. Neste ano, pela primeira vez haverá uma sessão fora do Amazonas, na Comunidade de Nazaré, em Porto Velho, Rondônia; e uma exibição em um Cineclube, com filmes para público restrito.

Segue a programação completa:

09.12 - Riacho Doce, Praça da Liberdade.
16.12 - Parque das Tribos, Centro Escolar Indígena.
22.12 - Comunidade da Sharp, Rua CCE.
23.12 - Armando Mendes, Praça Central.

Novidades:
22.12 - Comunidade de Nazaré, distrito de Porto Velho.
A confirmar - Cineclube Centro de Manaus.



Sempre às 19h.

Informações: mostra.cinebodo@gmail.com

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Release: Diego Bauer, Sócio-fundador da Artrupe Produções Artísticas.

Mascote da Mostra Itinerante de Audiovisual - Cine Bodó

terça-feira, 7 de novembro de 2017

De repente, não mais que de repente ~


Não pretendo me prolongar, mas é necessário dizer que hoje é um dia especial. Eis um novo ciclo, mais uma vez... hoje, melhor que ontem. Algumas pessoas por perto, alguns direcionamentos a partir de caminhos e decisões tomadas... necessita um porém? O significado das letras passa batido e como é um pedaço de memória, vou me reter e citar elementos para o eterno retorno. 

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Manutenção é uma questão de escolha, prioridades. 
Tempo é diversão, tocar a bola de modo sincero.
Movimento é um til, céu azul anil.

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Segue pequeno registro de importâncias para este ano.  Cheguei na Bahia, me firmei na UFRB, agora que as aulas vão começar, gostaria que a flexibilidade acadêmica existisse, mas vou precisar me superar. Pra ser sincera é um sacrifício estudar, estudar de verdade sem enrolar. Bodozin está na biqueira e eu aqui, sem eira nem beira, vendo o futuro nas bifurcações das encruzilhadas. Acho que o novo chegou, de novo! Vamos lá, degustar, vivenciar, se apaixonar ~

domingo, 15 de outubro de 2017

O quê estou fazendo da minha vida?


"Pra cumprir um hábito, uns rabiscos" foi o título da última postagem por aqui; sobre rabiscos, tenho rabiscado um monte de lixo, aglomerado de palavras sem sentido. Se um incêndio acontecer, não vou me esquecer que no fundo era apenas papel. Sobre um hábito, falta a leitura. Por isso e nada mais, dá vontade de voltar.

Cine Bodó bate à porta, como quem espera resposta. Estive feliz, mas não sistematizei, pois agora a demanda da vez, vamos ver o quê será possível fazer? Como se pode conceder? Como as coisas irão acontecer? Bater de porta em porta, né? Vergonha na cara já saiu de cena!

E se nada acontecer, você fez questão de se mover? De alguma forma, o quanto a segurança sustentar, tripé. Lembrei das pernas gigantes do nosso beababá.... de alguma forma vai estar? Trapiche, ponte, palafitas... aqui pelas bandas da orla de lima Palafita é restaurante caríssimo.

Preciso de um tripé. Já filmei um monte.... de imagem de arquivo? É pois edição que é bom, nada de mobilizar. Aliás, edição, ponderação, construção real; nada? Da frase que anda guiando fica a tal da "manutenção, tempo e movimento"; talvez por isto e pra isso a exposição. Pedaços.

Sair para entender o sentido das coisas requer intuição; segui-lás sem interrogação é questão de refrão. Mais uma vez ele pesa, pondera situação na contramão. Talvez você não me entenda, apenas feche a aba, tudo bem... depois de um tempo sem a prática do hábito, habita um porém.

A insustentável leveza do eterno retorno me persegue, aquele alvoroço. Perfume do invisível?

Mando mensagem para os que gosto, depois escolho outro. Outras. A internet realmente deixa muito à margem. Lembrei da artista paraense sendo carregada pela rua, de modo arbitrário; lembrei do ouro que é retirado da mineração; lembrei das crianças e dos professores. Fazer o quê com lembranças?

Soube da mudança do secretário pela minha irmã, toda engraçadinha. Elizabeth tem a gargalhada esticada, como quem se estende. Nuvem, sombra de carinho.... sinto falta dela, de não acompanhar seus primeiros passos, um pedacinho pelo menos... ainda fico me perguntando como ser tia, pode?

Entre serpentinas, dissoluções e decisões. Espero você me sufocar pra avoar, mas e a falta do caminho próprio? Solidão? Entrelaçar sonhos não é algo pra se ter convicção; certeza mesmo só depois de uns anos. Como se refazer com você? Sonho solitário é só um sonho solitário...


Frame de um Videoarte argentino sobre o período de Ditadura no país.
Exposto na primeira Bienal do Sul, com países do mundo inteiro.

O fato de eu fazer de conta que não me importo com os olhares alheios, faz eu falar de mim neste momento. Na realidade o intuito do "Nuvens de Praia" é outro, estou fugindo ao tema pois talvez seja necessário. Agora poderia ir assistir um filme, escrever e-mail, ler um livro, Não? Procrastinação!

É um pouco escandaloso deixar as questões semelhantes aos quesitos de construção, pra quê manter? Como algumas reflexões nos levam à uma prática coerente ao que pensamos do caminho? Pois seguir com as bases consolidadas ao longo do caminho é uma questão de escolha. Vai me conceder?

Fazer de conta que não se importa é performance do baixio das bestas... grito de afirmação.

Relacionar uma realidade presente diariamente ao colocar a cabeça no travesseiro, não me diminuiria o fardo, então o pior deixo guardado pra mim. Ministério da Cultura, poderia ser um lembrete dona Dheik? O Curta Novembros? Os ensaios do caminho? As dívidas de Manaus? O roteiro inacabado?

Não sei. 

Por isso me ponho aqui, estagnada, parada, esperando o portão abrir, podemos rir? Alguns diriam que era pra chorar. Não vou desesperar.... o Antropólogo sempre diz que não adianta se debater, o quê é razão de ser não está aqui pra esclarecer, deixe acontecer. Tome as rédeas, pense no final. Terreiro.


Uma homenagem à Eparrêi Filmes, Artrupe produções e Rio Tarumã Filmes.

Agora vou falar de uma pequena mágoa; sim, mágoa de cinema.... gosto dos números, mas nem sempre eles compõe o quê chamo de rastro equivalente, fazer o quê não dá pra saber? Gostaria de ter contribuído na terceira proposta, mas não foi possível. Será na sétima, décima primeira?

Aí a questão já é performance; e segundo ele a qualidade da performance é o quê vale prender atenção, pois é né? Precisa convencer mana, além do mais, como vai se debater essa coisa de crédito, mérito, qualidade? Música para nossos ouvidos, música meu amor... música! Rima?

Não rima a fraqueza... você não pode ser fraca, não pode não saber, não pode esmorecer! Ah gente, como as mães são fortaleza! As mães que vão definindo e guiando, as mães são mulheres. Mulheres precisam ser respeitadas. Misturei tudo, mas é apenas uma linha transparente. Sem preocupação.


O charme do café da manhã da pequena burguesa, da performance perfeita.
A violência da ditadura, do racismo, do fascismo, do machismo.
Frame de um tema da BienalSur. Lima-Perú.

Então, como seguir as diretrizes? Consegue seguir o plano? Lembro que a primeira curva na nossa distância foi por conta das mudanças de ideias sempre e sempre sempre; sim, ela estava certa e continua certa, fazer o quê? Ele também fala das mudanças.... quero seguir as diretrizes.

Já me perdi do ser humano que fui há uns dez anos atrás, menina que caia na rede de pesca, menina que se jogava sem pressa... Hoje sinto a mulher se esvaindo em incertezas; suportando a realidade com amigos lindos que lembram da beleza de ser e estar ~

Enfim, não pretendo me alongar... era só pra ser uma lembrança da falta de continuidade que ando desenvolvendo, mas prometo ser mais sucinta e objetiva na próxima publicação. Por hora, vou tentar chegar na Bahia... apesar  achar que vou ficar com saudade de Bogotá. O que me restará?


~

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Pra cumprir o hábito, uns rabiscos despretensiosos


O semestre tem passado tão rapidamente que nem tem dado tempo editar os pensamentos para escrever; mal tive espaço pra finalizar doismiledezesseis, daí tudo já bate à porta com pressa de ação, monte de remessa com endereçado à manutenção.

Cine Bodó, por exemplo... haverá uma terceira edição? É necessário, como poderia sem um tostão? Por falar em tostão, ainda não desapeguei do Pranto, quanto lamento, só falta o luar que de poético, não tem nada. Depois do último e-mail do MinC, precisei voltar, mas saí de novo... em uma brincadeira de títulos, me restaria a “Rota do Papel”. Oremos.

Mas como requerer as demandas de construção, se as dicas transcritas se acumulam? Nem sei o significado das palavras, muito menos das ações entrecadeadas rapidamente pela costura das linhas de vida, movimento me faz guiar, mudança requer paciênciá.

Fala-se tão mal da compostura de alguns aspectos relevantes; como subtrair? Não entendi, não é pra você leitor... é apenas para mim. Um guia, roteiro, mapa, conselhos rápidos de ações transbordantes. Mas voltemos à narrativa rítmica da vida convencional, algo pouco habitual aqui pelas nuvens.

Neste exato momento estou na casa de Marcia Mura, localizada às margens do Rio Madeira, Nazaré, distrito de Porto Velho, Rondônia. O que vim fazer aqui? Tenho descoberto dia após dia... a priori desenvolver uma vivência de audiovisual, que conjecturamos em meados de 2015, lá pelas bandas da Maloca querida, no Condomínio Residencial da Universidade de São Paulo... nem lembro o número do Bloco; mas me alembro que conheci um rapaz na fila da exposição da Frida Kalo, lhe ofereci cópias de fanzine em troca de alguns trocados, ele disse que não tinha dinheiro, mas caso eu quisesse, poderia visitar-lhe na Usp, gostei da ideia... quando me dei conta, estava dormindo em sua casa há semanas, conhecendo seus amigos, compartilhando sensações, experiências e tudo o mais; no meio de todo esse vuco-vuco que a vida possibilita à quem se joga na estrada, conheci a maravilhosa Mura do Rio Madeira.

Aqui estou!

Daqui há pouco vou pra escola, dar continuidade à vivência com os alunos dela e postar o texto que escrevo no blog; talvez tente postar uma ou outra foto no facebook, ou no instagram... ta vendo? Eu deveria me preocupar em responder o e-mail do Ministério da Cultura, mas não. Vou projetar energia em uma atualização de status em rede sócia, que em nada contribui ou diminui; apenas uma continuidade de memórias, de instantes passados que um dia serão esquecidos. Tem alguma coisa errada aí... mas de errado mesmo tem essa minha relação que ando desenvolvendo com o russo, mas isso são outros quinhentos. Mais de décadas, uma quase colonização visto que todos os residentes na América do sul são Mexicanos, na opinião dele.

Falando de mundo, preciso lembrar da quantidade de venezuelanos que conheci no barco (trajeto Manaus-Porto Velho), a grande maioria estava indo pro Chile. Se não fosse as brigas com o Russo, poderia ter desenvolvido conversas construtivas... ta vendo essa relação de vampiro? Ainda preciso de uma postagem poética em homenagem à esta temporada de minha vida...

Na realidade, preciso ponderar o sentido das coisas, principalmente as produtivas,.. Claro! dia desses li num livro interessante de uma paulista, que as ponderações são desnecessárias; li em outro que o tempo é feito de instantes e neste instante desejaria saber onde tudo isso dará... Parece não ter lógica. Mas gostaria de dar um pulo rapidinho em 2055 e voltar, seria mais fácil.

... o semestre está quase finalizando e eu estou muito confusa; decidi abrir mão do terceiro curso superior, se for possível, vou tentar me inscrever em alguma universidade que tenha curso à distância... decidi que preciso ler, ler, ler tudo o quê puder pelos próximos três anos. Li pouco até hoje, preciso recuperar o tempo perdido, se não vou continuar perdida... sem rumo, sem causa, sem sentido. Pronto.