quinta-feira, 23 de abril de 2015

Fanzine Cinemá - 1ª Edição


Em Março deste ano saiu a primeira edição do fanzine "Cinemá", organizado por Jaqueline Santos e Adriano Furtado. O intuito do fanzine é registrar ideias e processos das pessoas que fazem parte da cena cultural da cidade de Manaus, de modo que possamos ~cinematizar~ os dizeres.

Aproveito o fluxo de organização da segunda edição e disponibilizo os textos que fizeram parte da primeira; os autores foram Adriano Furtado, Adrielly Cordeiro, Alexandre Soares, Anália Nogueira, Jaqueline Santos, Érika Tahiane, Hadna Abreu, Jander Manauara, Keila Serruya, Rafael Ramos, Regina Melo e Tony Lee. 
  
O fanzine impresso teve reprodução limitada, estando disponível para aqueles que estiveram presentes no Sarau de apresentação de cada edição, que acontecerá (a priori) anualmente; e vamos ver até quando teremos vontade, conteúdo e participação. 


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Editorial
Cinemá é uma palavra estranha, oxítona, de acentuação apócrifa. Como compreendê-la? Trata-se de uma pequena transformação da palavra cinema que, vinda do grego, significa movimento (e é assim que foi apropriada pelos físicos, criadores da cinemática que é o estudo dos movimentos dos corpos). Mas não é em referência ao movimento físico dos corpos que o título do fanzine foi forjado, mas em relação ao movimento referido pelo cinema, movimento de fotografias e sons combinados para contar histórias.

Mas porque afinal o fanzine não se chama tão somente Cinema? Porque o acento excêntrico? É que filosoficamente movimento é algo muito mais amplo que deslocamento, seja de corpos, fotografias ou sons. Movimento é transformação, encontro, crescimento, nascimento e morte, progresso e regresso. Se há esperança, é no movimento que ela se apoia. Se há desejo, é o movimento que o governa.

Buscando o encantamento de um movimento criativo nasceu Cinemá, uma palavra-mudança, palavra-encontro e, porque não, palavra-desencontro. E foi justamente para escapar da imobilidade em torno das identidades e autoridades que, na presente edição, resolvemos não identificar a autoria dos textos e ilustrações, cujos autores estão listados na última capa. Deste modo, celebrando o movimento, saudamos a vida.

Boa leitura.
 
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O grande lance é a câmera e o ator não serem percebidos na cena.

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Lucinha assim tão rasgada, tão presente, tão pulsante... e antes?

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Simples (Música!) Envolvente (Cinema!) Idéias e mais idéias (vinho e outras cositas más) e na hora certa (21:00!) Sei lá depois de tantos carnavais sem querer descobri o sentido desse tár Natal! Um brinde à nois e aqueles poucos segundos que me trouxeram energias eternas!

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E quando estivermos nas escaladas da vida, muitas vezes teremos apenas os fios de alta tensão como apoio e quando eles acharem que estamos mortos, sairemos dessa vida para entrarmos na história! Avante guerreiros pois os nossos inimigos são invisíveis.

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Se você não projetar o seu futuro, sempre existirá quem esteja planejando tê-lo em seus projetos, em troca de um salário mínimo e mais benefícios.. Se você não é por você mesmo, quem será?

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Gostaria de dizer que: 
Só pessoas saudáveis tem cU!
O medo movE mundo
SexO é biológico: 
A  liberdadE  não se compra (?)
As certezas são falhas;
Ser negrA é difícil...
Rosa não é uma cor feminina.
As lembranças são mentirosAS. 
Que eu tenho fobiA de água* 
Ser mãe é umA descoberta
Cólica menstrual é um infernO
ChorO me irrita.
Farinha é melhor que arroz.
Só fumo maconha com quem confio!
A Arte me deixa viver.
Que sou de Oxum.
E não me importo o que você pensa de mim. 

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Alvo (ou acompanhando colega que foi tomar injeção)
Espera, espera, espera. Indivíduo encantado. Tecido níveo sobre tecido moreno. Preparação. Fármaco. Afrodisíaco. Borboleta no braço. Borboleta no estômago. Voz sólida. Rubro líquido. A limpeza vem do hábito mas ainda bagunça a balbúrdia já instaurada. Now I wanna talk about it. Os termos corretos, a melhora no humor. O sangue qualhou. Ou coagulou. Correção. Teatro sensorial. Do ser alvo. Em um alvo. Breve torpor. Breve sorriso. Breve momento. Músculo não sente picada. Pele sim. Coração também.

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Sob o sol escaldante do meio dia, as pernas negras, em passos trêmulos, marcam o caminho. Talvez em samba ou tango, sem traçar em linhas firmes o destino. Cabelos brancos denunciam o tempo vivido. O corpo côncavo conota o tempo sofrido. Os pés calçam verde- esperança, em sandálias plásticas. O sorriso e olhar pulsam viiida. Os cabelos coloridos, avermelhados sobre os fios brancos esfumaçados me fazem perceber a juventude se expressar. Em movimentos levemente dançantes, descompassados, me oferece um panfleto. Vende-se gás. Anuncia o enunciado. Aceito e agradeço. Agraciada desejo dar-lhe um abraço. Como se em um só gesto pudesse suprimir todas dores do mundo. Em suas vivencias não cabem meu afago. Despercebidos os passos seguem. Quando viva me configuro em arrepios. A realidade crua pede lágrimas. Penso se não há quem possa lhe dar cuidados? Se não há quem possa amenizar os esforços desse corpo cansado? Negra força, inquieta, segue a caçada. Nessa luta interminável pela sobrevivência na floresta de concreto e aço. Não só dói a fome, como desejo de ter voz. Diante a faixa de pedestre tenta, desconfiada, atravessar a avenida. Os automóveis não param. A arrogância é proporcional ao tamanho do carro. Buzinas e gritos incumbindo de culpa o desejo e direito de atravessar. De cabelos alisados, unhas pintadas em esmalte cintilante, calça de malha apertada, sobrancelhas arqueadas, barriga a mostra e um curumim a tiracolo, a jovem cabocla aproxima-se da faixa expressando querer passar. Nem o sol sensível a todos, nem a ausência de sombras-árvores no lugar, nem a idade aparente da senhora negra, nem a criança apoiada ao quadril da cabocla sensibilizam as arrogâncias em movimento. Verbalizando a fúria, a juventude demonstra seu ímpeto. E os pés pisam a faixa. O corpo em movimento brusco, sobressaltado, protege a criança. Borracha queimada marca as listras brancas que no chão nada falam. A senhora de susto corre. E a cabocla de susto para. As vozes que o ônibus compunha, exaltadas, profanam palavras cortantes. A voz que morte pulsa ecoa do caminhão para o mundo. As mercadorias, outrora frutos da terra, espalhadas pelo chão enfurece e preocupa o rapaz. Descalços, três curumins correm e apanham as palmas de bananas pelo chão. A diversão é correr, e deixar o menor para trás. Este que apouco aprendeu a andar, hoje, aprende na pele o que a vida tem de mais doloso. Corro e socorro o menino no colo. Buzinas enfurecidas compõem a caótica realidade. Como quem assume papel regulador, agora do outro lado da avenida, chamo atenção dos meninos e peço que tenham c u i d a d o. Rostos surpresos e assustados me fitam os olhos. Transparecem as crianças no passado remoto. Perdidas na função que lhes foi dada... De cuidar sem ter tido cuidado. Dos meus braços aos braços do garoto, dos braços do garoto aos braços do mundo aos braços punitivos do Estado.

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O recorte se fez necessário... Mas confesso ter estranhado um pouco a felicidade que me consumiu. É como se estivesse feliz apenas com a presença, com o olhar, com a confirmação do que eu já sabia... Descobri outras coisinhas; além do anel insistente, como quem delimita aproximação, vi também as outras duas estrelas. Quando o prato se esvaziou, os olhos se encheram, mordi os lábios para o rosto não molhar; me entristeci, mas logo em seguida lembrei que estávamos bem tranqüilos distante um do outro. Fim do almoço, me entregou a sacola do DB com o vestidinho de vermelho surrado e o azul vivo e colado, o xale e uma calcinha; tive a sensação de ter deixado três, mas só retornou uma. O telefone tocou, atendi. Essa foi a deixa para sua partida... escapulida, na verdade. Olhei a situação meio desconcertada, esperava pelo menos um abraço. Me entristeci novamente e desliguei; não corri atrás como nas outras vezes, simplesmente deixei ir, como quem vê o igarapé carregar a folha amarelada... Deixei ir, mesmo sabendo que ainda amava. Mas se voltou ao que era, o que resta fazer? Engraçado que aí comecei a entender, o que são essas coisas de amar. Se fosse um ensaio começaria por hoje: Pois hoje senti que amar é uma felicidade que invade o peito com a presença do outro; é ser feliz vendo o outro feliz também; é compreender algumas decisões, mesmo sem concordar. Afinal de contas o amor não acaba, sempre tem, mesmo que as portas se fechem, pode bater que ainda vem. Amores vão, virão, irão, grão... amar é deixar livre, sabendo que pode voltar.

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Escotilha 
Meu verso é rip rap que desemborca na boca
Enche rápido no balde mesmo se “a chuva” é pouca
E o meu igarapé vai empestando o cheiro
Não trisca a tua sandália nesse meu lameiro
Passeino olho d’aguaprimeiro e era limpo que só
Agora é pau, é pedra, é cabeça de bodó,
É sacola sem dá nó e é geladeira boiando
Caboclo cospe da maromba enquanto eu vou passando.
Minha água fede a podre – “É pôdi mermo papai!”
Mas se tu passar na minha beira, eu sei pra onde é que tu vaaaai...
Se eu já te vi ticar curimatã no giral
E agora pra sobra que te resta voa no meu canal
Por “encrível que parível” eu já matei tua sede
Agora abaixa essa escotilha e se embala na rede
Mas quando já menino tá de queixo caído?
Meu verso é lamaçal escarado e cuspido!

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Eu Filósofo
Não ha nada mais vivo em mim que a filosofia, não ha momentos que não esteja livre a ela, e quando desprendo um pouco,  existo, mas não me perco nas coisas, sou parte destas, e nessa percepção, sem ópio ou religião, não religo as coisas mesmas, nem projeto intensa intenções, são breves momentos, e mesmo tão breves, a consciência já desperta sussurrando: não ha como, não suporto, me recuso ser nada.

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Despertei 

E olhava fixo para a luz.
Fechei meus olhos e além do escuro vi Pequenos pontos verdes sobrepondo Manchas avermelhadas.
Tudo lentamente se movia.
Abri meus olhos e além do teto branco,  Também capturei manchas azuladas Dançantes.

Imagino que sejam fragmentos de Imagens recortadas e soltas, 

As que sobraram de uma 
Composição de sonhos,
Pixels solitários flutuando no espaço.

Eu respirava lentamente. 

Suspirei.
Senti os ombros marcados,
Queimaduras leves no rosto.

Ao mesmo tempo meu corpo congelado

Manhã de chuva,
Ar condicionado no máximo.

Conforme as manchas dançantes, 

Meus pensamentos me embalavam.

A experiência de abrir e fechar os olhos, Na manhã de chuva,

De corpo sentido,
Decisões ardidas...
Suspiro.
Não é nada fácil.

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Quarta-Feira de Cinzas Passadas
Meu recorde pessoal agora: Terminar o poema antes da música terminar. Me embalar nos acordes que surgiram nos teus dedos Imaginar os romances que eu nunca pude vivenciar E tu vens Estou escutando Nuvens de som, bela canção Onírica visão, obra-prima da ilusão Outras criaturas galantes me trouxeram Guiaram meu barco pelo rio de lágrimas que verti Em eras pretéritas, tu encheste alguns baldes Para este reservatório Distante tão perto Ao alcance das minhas falanges Na lonjura de lembranças inexistentes Aperto o play insistentemente Estuprando o sentimento "É difícil conversar com alguém que ainda pensa que estamos no passado." "É difícil conversar com alguém que ainda é o meu passado." Perdoa, não sei o que digo As notas cessaram Teu encanto também Sobre o que estávamos falando?

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Era
Teu rosto encostou no meu coração na noite   que descobri o cheiro da tua verdade escondida na voz  doce e  na boca de pão de pressa que eu não esqueço. Tu me levaste prum beco na noite que eu bêbado de sinceridade me afoguei na verdade do teu riso largo. A gente se encontrou por alguns segundos   no eterno que fica num lugar branco e  azul. Fui depois nas tuas linhas  encontrar o desenho que tinha perdido. Voltei na minha máquina do tempo praquela noite e tentei significar aquelas linhas com os meus encantamentos de menino que não se masturba.   No momento pude me ver e te ver e vi dois bobos dissimulados e cínicos de teatro num genuíno sentimento de vida. Eu ri. E voltei pro presente. Fui atrás de ti e só vi o azul triste que me dizia que o passado não volta pra quem ainda menino acredita que felicidade tá no final do arco-íris de desenho da tarde. Te esperei atrás da porta  várias vezes pensando que o sempre iria pegar na minha mão e me levar de carro até os touros negros raivosos que esperam o tempo chegar juntos com as águas azuladas e salgadas do negro. Eu digo. Eu digo de voz de pensamento.  O vento traz a paz e o azul nostálgico do teu sorriso triste do quadro de impressionismo. Eu queria te dizer isso e o quanto te desejo como menino que não se masturba em verdades de palavras  de boca de gente. Mas eu tenho medo. Medo de eu não ver você no barco no cais do porto no final da tarde laranja. E esse medo me impossibilita de pegar minha máquina do tempo e ir no futuro ver o cais. O porto. O barco. Você. Acomodo-me na covardia da minha imaginação de escritor de contos de fantasia.  Perdoa-me. Voltei pra praça embriago e gritei Just Like Starting Over, Starting Over, Starting Over… Só o ninguém escutou  o eco das palavras da boca mentirosa. Então eu corri, corri, corri. Fui até minha máquina do tempo. Fui pra um tempo desconhecido entre o presente e o futuro.  Eu vi você sentada na beira da estrada azul e branca. Foi aí que descobri que a máquina me levou pro   eterno. Então eu abandonei a minha máquina como quem abandona uma bicicleta na garagem de casa, sentei ao seu lado e peguei na sua mão melancólica de viúva pragmática.   Não sei o que aconteceu depois.  Como num livro bobo de garoto que não se masturba, começou e terminou com ERA.

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A Palavra-Chave
Descobrir
Parece ser a palavra-chave para abrir caminhos

Alguma coisa modifica a linguagem
E coloca em suspense
O que vai acontecer

Parece que as pessoas estão muito preocupadas
Em abrir caminhos

Mas ainda não descobriram
a palavra-chave

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Ponte

Isso é apenas o início
Tente fazer uma final feliz.

Lembrança é branca
Poente é paz

Tente por um momento
A ponte que a gente faz

Nascente é visão de amanhã...
Nada de novo!

Provo do velho
Velho de nada...
... Tudo de novo!

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Ser vivo
Sejas vivo
Se vives
A servi-lo
Vives sem
Ser

O vivido diz
Que só será vivo
No dia em que morrer

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Alzira duas caras, assim era conhecida a moradora de rua, pelos camelos da Avenida Eduardo Ribeiro, ela residia no centro da Cidade de Manaus. Sempre com os pés descalços e usando uma saia de renda branca e encardida pelo tempo.
A velha com apenas oito dedos nas mãos ficava olhando sempre o transito movimentado da Getúlio Vargas, ficava sempre pedindo esmola, quando faltava, ela pedia “merenda” dos vendedores de salgados. Ela sempre atuava em seus diálogos, às vezes, chegava próximo a uma universidade particular e cumprimentava os universitários, mais sempre tinha alguns que não gostavam da atitude de boa fé dela.
Em uma noite fria e perturbadora, ela tentou dormir próximo a um beco formado por lixos caseiros que ficava próximo à algumas lojas de roupas de grife, mesmo sendo rejeitada por ali, ela sempre pediu com educação, onde quer que fosse dormir, nem que seja por uma noite.
Mais nesse dia, ela viu um homem velho surgindo da entrada do beco escuro, onde ela se encontrava, deitada ela permaneceu sozinha, ouvindo os lentos e rancorosos passos do homem misterioso, e ao se aproximar de Alzira, ele dá a ela uma sacola de plástico preto, com um peso, é meio estranho essa atitude pensou logo Alzira duas caras, ela ficou bastante nervosa e segurou fortemente um pedaço de pau velho e saiu batendo no velho, caindo entre os lixos ele dizia para ela parar de bater em suas costas, pois estava doente com tuberculose e não queria que se agravasse sua terrível doença.
Alzira não quis saber sobre as justificativas do pobre homem e bateu nele sem nenhum motivo. Já exausta de tanto espancar o homem, ela se senta com o pau em suas mãos em pedaços, e o homem coitado! Deitado, e todo ensanguentado no meio dos lixos jogados.
Alzira começa a chorar atordoadamente, colocando suas mãos em seu rosto e ficando em silêncio. O velho mesmo machucado se afasta dela e retira do outro saco, um objeto que está empacotado.
Alzira segura a sacola preta que o velho lhe deu, e abri. Ela retira de dentro quatro rolos de filmes super8, e neles estão escritos, filmes B dos anos 60. Assim que a maldosa mulher olha os rolos, se põe a chorar, pois ela relembra de sua juventude, seu passado nostálgico; tempos bons quando ia com seus namorados no Antigo Cine Guarany assistir filmes comerciais, e notava como era mágico ver filmes projetados em telas máximas e grandiosas, o primeiro beijo, o primeiro contado com a pipoca combo, o gosto de sentar nas poltronas confortadas.
O velho morador de rua abre o pacote e retira de dentro um pequeno projetor a bateria, e diz a Alzira:
- vem vamos reviver aqueles momentos juntos!
Alzira não consegue lembra do velho homem, mais ela tem certeza que ele foi um de seus namorados. Juntos eles montam com um pedaço de tecido branco uma tela e começam a rodar o filme em super8. Mesmo num lugar apertado e fazendo de poltrona seus entulhos de lixos reciclados, e assim Alzira viu que valeu a pena viver todos esses anos, esperando por momentos mágicos e nostálgicos de lembranças boas de um passado que nunca foi esquecido. O tempo não apaga nenhuma memória, mais sempre faz reacender a chama que nunca foi apagada para sempre.

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Um rabo, eis a extensão da coluna vertebranimal.

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Quando o fotógrafo desistiu do filme, ele começa a fazer planos bonitos.

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Os tons são sempre opacos... como se já tivessem sido muito usados; talvez a barba, os óculos, o cabelo bagunçado e tudo o mais... Me refiro à camisa dos dois que estão sentados à minha frente; e à dele, o professor, homens dos olhos delineados. Essas cores me causam sensações... no estômago! Borboletas? Morcegos? Alecrim? É fome, nem combina com as cores.

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O padrão serve apenas como referência.

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... um Acidente sem importância surfando no caos da evolução...
...desprezado fui aprendendo a desprezar o desprezo, de sofrimento em sofrimento acostumei a não acostumar, usei valores infundados, de cínico feliz fui me tornado hipócrita cômico infeliz... ...mas se nada mais me satisfazia, depois de toda tentativa, já não era insatisfeito, o que restava era a cobiça de não ter cobiça, um morto vivo sem desejo, um hipócrita cínico dialético, sorriso em desespero, heresia, blasfêmia contra a alta escala evolutiva, natural, seletiva de homens intelectuais, e como eu ria, eu chorava e ria de seus status graduados, rotulados, pós-doctoooorizados... ...métricas, padrões, pontos de partida... ...bases persuasivas... ...intuição, dedução, logica, poesia, fundamentação, fundamentalistas, multiversos inversos formando átomos... ...desintegrando atos... ...novo palato, nova rima nova língua, linguajar, liturgia caçoando da tradução, da interpretação das alegorias dos mitos, mantidas na concepção da ilusão de religar, que religa o ser ao nada... ...o nada... ...a presunção de tudo... ...em contrapartida pelo silencio, a cultura gritante ridícula tradicionalista, que segura e estima o homem, condenando o super-homem à loucura, a um pré-frontal mais ligado a bunda do que em seu self, do que em seu eu-transcendental, mantendo os Daseins afogados na cotidianidade, relaxando-excitando, excitando-relaxando, fazendo dum inferno as inter-relações, seu delírio existencial, conseguem ser mais incrível que o sentido que dão para um funeral, um natal ou carnaval... ...disseram-me que são as verdades que criam as mentiras... ...as mentiras que criam as cidades... ...angustia... ...a fuga da morte que inventa a esperança da vida...


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Desde já agradecemos à todos os autores que disponibilizaram seus textos para compor a primeira edição do Cinemá, em breve a segunda edição!

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