Pois bem, nem tive tempo e condições de ir construindo um "diário de bordo" desta empreitada que está sendo produzir o curta-metragem "Pranto Lunar", no entanto, me tocou de escrever hoje... o dia que antecede a nossa ida para a Aldeia Cipiá!
A proposta de curta-metragem foi selecionada no programa "Amazônia Cultural" em 2014, que visa fortalecer e incentivar a produção cultural no Norte do Brasil; desde então, estamos em processo de articulação e planejamento, que demanda algum tempo e uma construção de relação.
O processo se iniciou ano passado, quando começamos a estabelecer relações com algumas comunidades indígenas, fimando parceria com a Associação Comunitária Indígena Tatulândia, mais conhecida como Aldeia Cipiá, localizada à margem esquerda do Rio Negro, na Ilha do Castanhal.
Aos poucos formos construindo uma equipe e refletindo acerca do que representaria de fato a produção do curta e de que modo poderíamos nos relacionar com a comunidade tradicional. Optamos por adentrar um pouco no espaço deles e nas demandas que estão acostumados a cumprir, deste modo pudemos observar sua rotina e adaptar a narrativa com as ações presentes no espaço.
Como ingredientes temos de tudo um pouco, cautela, adrenalina, carinho e foco, claro. Além de ser um curta com a chancela do Ministério da Cultura, "Pranto Lunar" é também o Trabalho de Conclusão de Curso de Produção Audiovisual de mais três colegas: Liliane Maia, Danna Dantas e Marcos Tupinambá; e de certa forma traduz um pouco a necessidade de se conhecer e adentrar no espaço distante que temos das comunidades indígenas, apesar de morar em uma região com tantas etnias distintas.
Entre as pedras no caminhos passamos por mudanças significativas no roteiro, dificuldade com a tão conhecida "realidade amazônica". Sabe aquele dia que você planeja uma visita de locação que demanda tempo e dinheiro de logística, daí o dia amanhece lindo, mas quando você chega no porto para embarcar rumo à comunidade, o Toró não permite a embarcação sair e tudo vai por água baixo? Pois bem, seja bem vindo à Amazônia. Normal!
Mas hoje, depois de tanto tempo percorrido, penso que o grande desafio é trocar experiências com os moradores da comunidade, onde cada um tem suas construções e seus pontos de vista bem marcados por processos completamente diferentes dos nossos. Pra isso passamos um período adentrando devagar, conversando, rindo, dormindo, trocando... Levamos inclusive uma Oficina de Produção Audiovisual, onde puderam ter acesso à equipamento e aos processos de produção de fotografias.
Para um resumo do processo tá parecendo uma apresentação, não é mesmo? Mas não pretendo me alongar... pois ainda tenho que cumprir umas demandas de planejamento pré-set; na realidade vim para dizer que a cada novo projeto, descubro caminhos, cores, sabores e sentimentos que temperam o fazer ... É interessante demais reconhecer os passos fascinantes, onde tudo parece ter sentido, parece mágica da vida real! Fazer Cinema é isso... é mágica da realidade!
Lá pelo mês de Junho passo aqui novamente para narrar um pouco do que vai ser essa imersão em um mundo completamente diferente do nosso, que eu tenho certeza que será um fluxo de aprendizado e percepções tão lindo quanto o resultado final. Assim, sem querer, me veio uma frase à mente: "a beleza está nos olhos de quem vê"! Sem mais para o momento, é tempo de produzir... Partiu ~